Não é fácil escrever sobre algo que nos remete saudades, ainda mais de uma pessoa tão maravilhosa, tive a honra de conhecer e conversar, ou melhor; prosear com a querida Idoroti de Souza, a primeira, a única, a especial “Doroti”, assim o pessoal da biblioteca à chamava.
Numa tarde, não me lembro ao certo de que mês, há cerca de 5 anos, estive em sua casa junto ao amigo Cléber Cruz, o qual me apresentou a esta grandiosa pessoa.
Doroti nos recebeu de braços abertos e com um sorriso cativante típico de vovó conversamos sobre vários assuntos, Idoroti resumiu em menos de uma hora toda a história de Várzea Paulista, e até de quando aqui ainda era apenas um distrito de Jundiaí.
Aquela tarde, foi para mim a melhor leitura que eu podia ter, realmente era como se eu estivesse lendo um bom livro de documentários, mas não precisava virar as páginas...pois, nas doces palavras de tom calmo, era narrado por Idoroti toda a história, inclusive ilustrando com fotos, documentos e raridades. Para quem não sabe um de seus ascendentes foi; Isaac de Souza Galvão , tido como o “fundador” de Várzea, pois praticamente foi o primeiro morador dessas terras em meados de 1867, com sua olaria, a pioneira, responsável pela necessidade da “parada” (estação pequena) do trem da São Paulo Railway, a inglesa.
Ela guardava e me mostrou um documento de Isaac Galvão datado no século XIX, incrível!
Idoroti me contou também que as terras de sua família eram férteis e que havia uma cerquinha que dividia o terreno, esta cerca ficava onde hoje está o ponto de ônibus ao lado do Mercado Liberdade. Do portão da casa de Idoroti, dá pra se ver a Praça Liberdade, próximo á estação, e de lá apontando para o coreto ela me disse: “Ali ficava a cocheira dos cavalos, a cerca mais adiante, aquela avenida (Duque de Caxias), era uma estradinha de terra batida”.
Fiquei imaginando cada detalhe que me mostrava, descobri que as poucas moradoras daquele então povoado, levavam as roupas para lavar no córrego Pinheirinho (que fica atrás da antiga AMEC, hoje Hospital da Cidade), “era limpinho” dizia a ex-vereadora.
Sim! Idoroti de Souza foi vereadora e até agora, nenhuma outra mulher ocupou este cargo em nossa cidade, na época em que legislou, os vereadores não tinham salários, trabalhavam por amor a cidade, e esta foi uma vereadora foi realmente apaixonada por essa cidade como poucos, ela foi a responsável pela criação da biblioteca municipal, o qual foi projeto que Idoroti pleiteou na sua vereança na década de 70.
No fim da conversa, daquela tarde varzina, senti o quanto modificaram nossa Várzea Paulista, em alguns aspectos, o quanto “pioraram” nossa cidade e também, percebi com mais clareza; a rapidez do tempo. Que alegria senti naquela tarde.
E que tristeza senti semana passada, quando Várzea Paulista perdeu um ícone da história viva da cidade, a querida Senhora “Doroti”, daqui mando-lhe o meu Adeus, e agradeço; a sua carinhosa recepção em sua casa, a atenção e o afinco que fez questão de ter ao me contar as histórias e também em nome de todos moradores agradeço pelo amor que você teve por esta nossa Várzea, até o último dia de sua nobre e generosa vida. Idoroti de Souza: Fique com Deus...
Do fundo do meu coração: Obrigado!
Diego Bueno
Estudante de Direito da FADIPA-Jundiaí
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