sábado, 13 de junho de 2009

Projeto Eco Várzea

Para fechar este “Especial de meio ambiente” que o Jornal Notícia reservou para o projeto Eco Várzea colocar informações importantes sobre a situação ambiental, não poderíamos deixar de lado uma ferida aberta e infeccionada em nossa cidade:

Texto 03

O aterro sanitário e a coleta seletiva de lixo

Quando tocamos no assunto aterro sanitário, vale lembrar que até hoje gases ainda exalam das valas e tubulações daquele local. Propagar a toda região que o aterro fechou, não quer dizer que o problema foi sanado e sim apenas “contido”.
O chorume* ainda está à apenas alguns metros enterrado naquele local.

Entenda o caso:
Por mais de 20 anos o aterro funcionou recebendo lixo de toda região, foi feito um consórcio intermunicipal,no final dos anos 80, uma idéia muito econômica, ou seja, durante cada década uma cidade da região receberia o lixo das demais,não necessitando longas viagens com o lixo, então começou-se por Várzea Paulista, e na seqüência seria Jundiaí depois Campo Limpo, depois as demais terminando pela Vinhedo. Porém ao completar a primeira década em 1995 Jundiaí não quis aceitar a vinda do “lixão” e num impasse continuou a usar Várzea Paulista, ao fim da segunda década -2004,
especulou-se Campo Limpo Paulista, pela ordem de décadas até seria Campo Limpo, mas Jundiaí pulou a vez...Enfim, depois de tanto entrave o aterro foi fechado em 2004 no fim da gestão do ex-prefeito Clemente Manoel de Almeida mesmo ano em que se inaugurou a primeira etapa do Parque da Aterro, com quadras esportivas, playground e um prédio administrativo.O lixo de toda região parou de ir para Várzea Paulista e transferiram para outro aterro – na cidade de Caieiras – .obs:Após encerrado,continuou a receber por alguns meses apenas o lixo de Várzea,para preencher uma vala que tinha sido aberta.

Palavras como atraso e desrespeito são o que devemos usar quando falamos de coleta seletiva de lixo em Várzea. O atraso está em não separar o lixo e dar o destino correto; A reciclagem.
Na segunda maior cidade da região, a situação é de abandono, um enorme desrespeito com a vida. Até hoje não se fez na prática nenhum projeto contínuo de coleta seletiva de lixo.
Material reciclável é coletado como lixo comum, são quase 70 toneladas** que diariamente vão para o aterro de Caieiras. Um destino arcaico em pleno século 21, e por falar nisso, há pouco mais de dois anos a prefeitura de Várzea alardeou aos quatro cantos de nossa região que aderiu a Agenda 21, lançada no evento “Eco 92”, sobre o consumo sustentável e o controle do desperdício.
Mas que hipocrisia é essa? Onde está a verdadeira ação, o verdadeiro engajamento sócio-ambiental em defender, preservar e proteger? Há duas semanas elogiei o plantio de mudas de árvores, provenientes de uma doação de um grupo empresarial, mas com todo respeito não posso deixar de criticar e cutucar esta “ferida”, o pus ainda escorre e atinge o lençol freático*** dessa cidade, lixo, que não é lixo, vai pro lixo a todo momento, e onde estão senhores e senhoras as ações verdadeiramente ecológicas. Projetos que como este, que é pequeno e pobre como o Eco Várzea, mas que suspira soluções.


Termino este especial, primeiramente agradecendo ao Jornal Notícia e sua equipe pelo inédito espaço e o compromisso que tens, e também fazendo a vocês uma pergunta, pois como diz o sábio ditado: “Perguntar não ofende”:
Mais vale o que age sem muito estardalhaço e faz uma plantação vigorosa, do que aquele, que se vale de muito barulho para meia dúzia de sementes podres.
Portanto, pergunto:
O que já está sendo feito por parte do setor público para exaurir**** problemas atuais como, o destino errado dos recicláveis, o esgoto “in natura” nos córregos e a preservação do pouco que resta de verde em Várzea Paulista?

Diego Martins Bueno
fundador do projeto Eco Várzea


Glossário:
* chorume: é um líquido escuro e de odor forte, que é produzido pela infiltração da água das chuvas e pela degradação de compostos de lixo aterrado.
** comparado com a média de consumo regional
***lençol freático: camada subterrânea de água,que fica entre rochas e são proveniente da chuva, é substancialmente de água límpida, mas de frágil contaminação.
****exaurir: esgotar, tornar fraco, consumir algo ata o fim.






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