Mais uma vez assistimos o transbordamento de córregos em Várzea Paulista, a chuva da madrugada de quinta feira (06), foi o suficiente para causar muitos transtornos à população que mora nas ‘baixadas’ da cidade.
O principal transbordamento foi no córrego Bertioga, na famosa Avenida Bertioga, que tem ligação com a região central da cidade. Desta vez a força da água foi tão intensa, que , além de desbarrancar as margens em vários trechos e deixar a via interditada por quase toda quinta feira, foi capaz também de encher de lama e esgoto, ruas, casas, comércios e empresas, além de quase metade de um bairro, que já sofreu há alguns anos com uma grande inundação.
Em outras oportunidades, pois recentemente tem sido corriqueiras as inundações, sugeri ao governo municipal que incluísse a disciplina de Natação na grade curricular das escolas de ensino básico da cidade, pois assim poderiam pelo menos tentar se salvar, numa eventual chuva mais forte, e também a criação de um ‘bolsa barco’ ou então um incentivo para que os moradores adquiram ‘carros anfíbios’, isso mesmo, aquele que pode entrar em rios e lagos, além de ruas de asfalto e terra, muito útil não acham?
Bem, deixando de lado as ironias e brincadeiras, levando em conta que tudo isso não tem graça nenhuma, pois seria cômico sim, mas se não fosse trágico! A situação está fora de controle!
O plano diretor da cidade deve ter sido desenhado de cabeça para baixo, não é possível que ocorra tais inundações na cidade, e quero aproveitar, antes de lhes dizer, caros leitores, um dos motivos destes fatos, que, o ocorrido em Várzea não é enchente! É inundação; segundo explica estudiosos da UNESP-Campinas: Existe uma distinção conceitual entre os termos enchente e inundação: a diferença fundamental é que o primeiro termo refere-se a uma ocorrência natural, que normalmente não afeta diretamente a população. Já as inundações são decorrentes de modificações no uso do solo e podem provocar danos de grandes proporções.
Portanto o que vem ocorrendo, como já disse antes são inundações, pois vai além de causas naturais, é influência humana, e da forma mais inescrupulosa e impensada que possamos imaginar.Há que se ressaltar, como também já destaquei em eventos anteriores que a criação de novos bairros nas cabeceiras e margens diretas ou indireatas do córrego Bertioga está contribuindo para as constantes e sufocantes inundações.
Os bairros populosos antigos como Vila Popular, Jardim Bertioga, Jardim Palmeiras, Continente, Itália 1 e 2 , entre outros, todos despejam seus esgotos e suas águas no mesmo estreito córrego Bertioga. E como se já não bastassem toda a região citada, há novos loteamentos se instalando, o Jardim Bahia 1 e 2 (Jardim Brasil), o novo condomínio de empresas, enfim, são bairros gigantes sendo encravados nos morros da cidade e que desaguarão seus resídos líquidos num mesmo canal.
Nesta chuva, que é a primeira grande chuva depois do asfaltamento das ruas do novo bairro, que impermeabilizou o solo, que não retem as águas da chuva, e faz com que escorra com mais rapidez até a parte mais baixa, mostra-se o aumento no volume das águas.
Ao invés de se prevenir, de se administrar toda a problemática gerada pela ocupação urbana desenfreada com medidas que controlem do destino que é dado aos resíduos, levando-se em conta a capacidade da água de se escoar para os córregos e rios, que são os canais naturais de escoamento, a prefeitura e nossos governantes e representantes , tem caminhado na mão contrária, aprovando com facilidade a vinda de mais e mais loteamentos populares, piorando a situação.
Se hoje este problema está irritante e incômodo até para quem não mora nos lugares afetados, imaginem quando estes novos grandes bairros populares estiveram formados?! com seus milhares de habitantes.
O que ocorreu com essa chuva, que aceito, não foi uma ‘chuvinha’, é com certeza, a consequência de uma ocupação errada do solo, implanejada, não estão medindo as consequências futuras.
Não sou contra o crescimento, mas este deve ser planejado, deve se pensar no futuro, antes de mais nada, é imprecindível que se façam obras e estudos de infra estrutura urbana, no escoamento natural das águas e dos recursos, se estes suportarão mais um, dois ou três bairros, mais um condomínio de médias e pequenas empresas para depois aprovar a instalação destes empreendimentos.
Falando em empreendimentos há também que se destacar, que nas margens do córrego, nas proximidades da Avenida Fernão Dias, existe um empreendimento comercial a se instalar, uma espécie de galeria, alameda de lojas de conveniência, além de um novo posto de gasolina, é de se assustar qualquer investidor, uma situação como a que vimos esta semana, que alagou parte do terreno que este lindo empreendimento está em obras.
Enfim, não se fazer nada, e pior, aprovar projetos que estrangulem ainda mais a solução do problema, como no caso dos loteamentos populares, só prejudica o crescimento organizado da cidade, distancia investidores e empresários e desconstrói vidas.
Se o lema é ‘Construindo uma vida melhor’, então que façamos valer! Mas ressalto ainda, que o lema não seja tão egoísta e que construa não só UMA VIDA melhor, mas VIDAS melhores, que contrua vidas melhores à todos nós varzinos e varzinas.
Que se aja pensando coletivo e no duradouro não só até o próximo pleito eleitoral, caso contrário estarão agindo de forma paleativa e aí volto a ser irônico e indicar uma realidade: implantem a disciplina do saber nadar, e então: mulheres e crianças primeiro! Salvem-se quem puder!
Diego Bueno
Presidente da JPSDB-Várzea Paulista
